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“Um Defeito de Cor” segue em exposição no Muncab até o próximo dia 3

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22/02/2024 às 10h22
Por: Redação
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“Um Defeito de Cor” segue em exposição no Muncab até o próximo dia 3

“Um Defeito de Cor” segue em exposição no Muncab até o próximo dia 3

Fotos: Bruno Concha/Secom PMS

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Reportagem: Priscila Machado/Secom PMS

Quem ainda não visitou “Um Defeito de Cor” no Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira (Muncab), no Centro Histórico, tem bons motivos para apreciar a mostra. Um deles é que a exposição estará disponível no local apenas até o próximo dia 3 de março. O segundo é que a Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Secult) ampliou os dias de gratuidade para visitar a exposição - agora, além de quarta-feira, o domingo também terá entrada gratuita.

A exposição é resultado da parceria entre a Prefeitura de Salvador, a Sociedade Amigos da Cultura Afro-Brasileira (Amafro) e a Organização dos Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI), com a concepção original do Museu de Arte do Rio de Janeiro (MAR). A mostra traz uma interpretação do romance literário “Um Defeito de Cor”, publicado pela primeira vez em 2006 pela escritora mineira Ana Maria Gonçalves. Inclusive, a própria autora faz parte da curadoria, ao lado de Ana Bonan e Marcelo Campos.

Montada inicialmente no MAR, ela foi premiada como melhor exposição de 2022 por uma revista de arte. A mostra conta com cerca de 370 obras de mais de 100 artistas do Brasil e do mundo e está dividida em dez núcleos, cinco deles no térreo e cinco no primeiro andar. Esses núcleos foram inspirados nos dez capítulos do livro.

A exposição fala do processo de escravização dos negros, das lutas e das resistências afro-diaspóricas nas Américas, do protagonismo feminino, da religiosidade e da África Contemporânea. No local, é possível apreciar peças raras de artistas baianos, a exemplo do Mestre Didi, do ferreiro José Adário dos Santos (Zé Diabo), J. Cunha, das bonecas de Valdete da Silva (Mãe Detinha), e das colagens de Yêdamaria, uma das fundadoras do Muncab. Também fazem parte do acervo as fotografias do nigeriano Iké Udé e peças de outros artistas internacionais.

A primeira obra da exposição, Igbaiwá, leva o visitante a ter diversas reflexões. Feita em metalon e diversas cortinas de guias, miçangas vermelhas, formando o desenho de uma grande cabaça, que é comumente ligada ao útero e à criação gerada pela força feminina, a obra de Nádia Taquary e artífices colaboradoras leva o visitante da exposição a passar por um processo de renascimento, enquanto entra na grande cabaça, visto que se trata de uma obra interativa. É como se quem passasse pela exposição, passasse também por um processo de renascimento. Há quem se sinta também gestado em um grande útero, o útero da mãe África. Assim como a obra de abertura, diversas outras revelam detalhes curiosos da cultura afro-brasileira ao tempo em que impactam e emocionam.

“Eu gosto muito do trabalho cuidadoso que a curadoria fez de trazer o protagonismo feminino, mulheres enquanto revolucionárias, enquanto mães. A exposição traz a mulher de uma forma muito ampla, no sentido de pensar sociedade, nas lutas, nas lutas contemporâneas, sobretudo, também nas mães. É algo que me chama muito a atenção. Isso me lembra, inclusive do enredo da Portela, que diz que apesar de todos os apagamentos, o nome de Kehinde resiste. O filho dela está vivo e ele venceu mulher. É uma parte do refrão que impacta muito, porque, apesar de tudo, Kehinde venceu e todas as Kehindes também”, conta a diretora do Muncab, Cintia Maria.

Livro – O livro narra a saga de Kehinde, mulher negra que, aos oito anos, foi sequestrada no Reino do Daomé, atual Benin, e trazida para ser escravizada na Ilha de Itaparica, na Bahia. No livro, Kehinde narra em detalhes a sua captura, a vida como escravizada, os seus amores, as desilusões, os sofrimentos, as viagens em busca de um de seus filhos e de sua religiosidade.

Além disso, mostra como conseguiu a sua carta de alforria em 1812 e, na volta para a África, tornou-se uma empresária bem-sucedida, apesar de todos os percalços pelos quais passou. A personagem foi inspirada em Luísa Mahin, que teria sido mãe do poeta e abolicionista Luís Gama e teria participado de revoltas na Província da Bahia, entre elas a célebre Revolta dos Malês (1835) e a Sabinada (1837-1838).

O livro inspirou o enredo do desfile da escola de samba Portela, no Rio de Janeiro, no Carnaval deste ano, levando a escola de samba a conquistar o estandarte de ouro do grupo especial. O samba-enredo alavancou a venda do livro, que foi esgotado em uma das maiores plataformas de venda da atualidade. Em 2007, ano seguinte ao lançamento, a obra ganhou o prêmio Casa de Las Américas, em Cuba.

Funcionamento – Administrado pela Prefeitura, por meio da Secult, o Muncab funciona de terça a domingo, das 10h às 17h, na Rua das Vassouras, 25, Centro Histórico. A entrada custa R$20 (inteira) e R$10 (meia-entrada) e está sendo gratuita às quartas e domingos.

Têm direito à meia-entrada estudantes, idosos e residentes de Salvador, mediante apresentação de um comprovante de residência. Os ingressos devem ser adquiridos na plataforma Sympla, que também pode ser acessada por meio de link no perfil do Instagram do Museu (@muncab.oficial).

Fonte: SECOM/Salvador

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